A Intel Brasil lançou hoje de manhã, em coletiva de imprensa na cidade de São Paulo, os processadores Core de quarta geração, também conhecidos como Haswell.
Como de costume, os novos processadores trazem melhorias de desempenho em relação à geração passada, conhecida como Ivy Bridge. Mas o foco do Haswell foi outro: com a inclusão de um novo estado de energia, a Intel reduziu significativamente o consumo dos chips, para aumentar a duração de bateria dos ultrabooks. A fabricante de Santa Clara também apresentou o Iris, nova família de GPUs integradas que promete bom desempenho gráfico.
Quais são as principais novidades do Haswell?
Mais bateria para os ultrabooks
Talvez a característica mais importante dos Core de quarta geração seja a eficiência energética. Isso beneficiará especialmente os ultrabooks, que poderão ficar mais tempo longe da tomada. Os ultrafinos da geração passada tinham autonomia de 5 horas ou mais. Com o Haswell, esse tempo aumenta para cerca de 9 horas. Também será possível assistir a um vídeo em HD durante 9 horas antes que a bateria acabe.
Um ponto bacana da nova geração é a autonomia de 7 dias ou mais em modo de espera. Mas não é um modo de espera qualquer: enquanto a máquina estiver “dormindo”, ela poderá se conectar à internet e baixar novos emails ou verificar atualizações em redes sociais. É algo parecido com o que acontece nos tablets: você continua recebendo notificações mesmo com a tela desligada. Agora, essa característica também está nos ultrabooks.
Para diminuir o consumo dos processadores, a Intel incluiu um novo estado de energia. Normalmente, os chips têm dois estados principais: S0 (ativo) e S3 ou S4 (em espera). No Haswell, há também o S0ix: o consumo promete ser tão baixo quanto no estado S3, mas o sistema operacional entende que o processador está ativo e o chip acorda de maneira quase instantânea quando necessário.
Por que as empresas não melhoram as baterias em vez de reduzir o consumo de energia? De acordo com Fernando Martins, presidente da Intel Brasil, a tecnologia que nós temos atualmente, de polímeros de lítio, está no limite. Mesmo com muita pesquisa e desenvolvimento, os ganhos são mínimos. É por isso que os OEMs estão aproveitando bem as carcaças: nos ultrabooks, cada espacinho é preenchido com bateria.
A Intel trabalha com pesquisadores para desenvolver novas tecnologias de baterias. Uma delas, inclusive, poderia aumentar a autonomia dos ultrabooks para mais de 20 dias de uso. Mas enquanto as novidades não ficam prontas, a solução mais prática ainda é melhorar a eficiência energética dos processadores.
Telas sensíveis ao toque, por favor
Os requisitos para que um notebook ganhe o selo de ultrabook da Intel estão mais exigentes. Os ultrabooks antigos deveriam voltar do modo de espera em menos de sete segundos, tempo que caiu para apenas três segundos com o Haswell.
Mas a maior alteração está na tela: todos os ultrabooks com processadores Intel Core de quarta geração precisam ter tela sensível ao toque, caso contrário, o fabricante não poderá vendê-lo como um ultrabook. É uma mudança que encarece o custo dos ultrabooks, mas muito importante com a chegada do Windows 8, que oferece experiência de uso bem melhor com um touchscreen.
Além da exigência de touchscreen, os novos ultrabooks deverão ter no máximo 23 mm de espessura (dependendo do tamanho da tela) e suporte ao Intel Wireless Display, tecnologia que espelha a tela do PC na TV sem necessidade de cabos. A Intel ainda espera que os OEMs apresentem mais ultrabooks com designs conversíveis, que podem funcionar como notebook ou tablet.
Tem um desktop? Provavelmente o Haswell não é para você
Eficiência energética é um ponto importante para os ultrabooks, porque eles possuem bateria limitada. Entretanto, o mesmo não ocorre com os desktops, que ficam ligados constantemente a uma tomada – neles, o desempenho tem prioridade maior. Você não vai implicar com um processador para desktop porque consome muita energia, a não ser que ele realmente seja muito mais beberrão que os outros, como na época do Pentium D com TDP de 130 W.
E como o desempenho não aumentou muito em relação à geração passada, provavelmente o Haswell não é para quem usa desktop.
Os sites especializados em hardware, como o AnandTech, publicaram os primeiros benchmarks da quarta geração de processadores Core. Em relação a um Ivy Bridge de mesmo clock, o ganho de desempenho raramente passa de 10% nos diversos testes, ficando em média 8,3%. Comparando o Core i7-4770K com o Core i7-2600K, de duas gerações atrás, o aumento de performance é maior, mas em média apenas 17%.
Outro fato que dificulta o upgrade é a necessidade de comprar outra placa mãe, porque a Intel decidiu mudar mais uma vez a quantidade de pinos dos processadores. O Haswell usa socket LGA 1150, incompatível com o LGA 1155 do Ivy Bridge. Dois anos atrás, com o lançamento do Sandy Bridge, a Intel havia abandonado os antigos LGA 1156 e LGA 1366 da primeira geração de processadores Core.
Então, se você tem um desktop que ainda está lhe servindo bem, não se preocupe em atualizá-lo para o Haswell: o alto custo não compensa o pequeno aumento de desempenho.
Gráficos integrados poderosos com o Iris
Se o aumento de desempenho nos processadores não impressiona tanto, o mesmo não se pode dizer da GPU integrada. A Intel dobrou o desempenho em relação à geração passada e até lançou uma marca: “Iris” é o nome que vai acompanhar as GPUs mais potentes da fabricante de Santa Clara.
Os processadores Core de quarta geração podem acompanhar várias GPUs. A mais poderosa delas é a Intel Iris Pro 5200, presente em alguns modelos como o Core i5-4670R, que acompanhará computadores all-in-one. Para oferecer bom desempenho, a Intel colocou nada menos que 128 MB de memória eDRAM, que funcionará como cache L4 e será compartilhada entre a GPU e os quatro núcleos do processador.
Na prática, a Intel Iris Pro 5200 se comporta como uma GPU de nível intermediário para notebooks. Ela fica acima da Radeon HD 7660D, que está presente em algumas APUs da AMD, e normalmente abaixo da GeForce GT650M, usada no MacBook Pro de 15 polegadas com tela Retina. A diferença é que, enquanto a Iris Pro 5200 em conjunto com um Core i7-4950HQ tem TDP de 47 W ou 55 W, a GeForce GT650M tem quase o dobro: 90 W.
Em São Paulo, a Intel demonstrou hoje o Intel Core i7-4770K com GPU Intel HD Graphics 4600 rodando GRID 2 com os gráficos na qualidade média e resolução 1080p. GRID 2 ficou bastante “jogável”, mantendo a média de 30 frames por segundo. Infelizmente, a Intel Brasil ainda não tinha uma máquina com a Iris Pro 5200 para demonstração, mas eu gostei bastante do que a simples Intel HD Graphics 4600 (que não leva o nome Iris) é capaz de fazer.
A Intel parece estar levando bem a sério as novas GPUs. Normalmente, o chip gráfico é responsável por 33% da área do die do processador no Haswell. Essa porcentagem pode aumentar para até 65% quando a GPU é uma Iris Pro 5200. É uma clara resposta às APUs da AMD, que estão oferecendo bom desempenho gráfico com ótimo custo-benefício.
Entendendo a sopinha de letras
Os processadores Haswell têm modelo composto por quatro dígitos. O primeiro dígito é sempre “4”, para indicar que este é um processador Core de quarta geração.
Mas alguns possuem número de modelo iguais a outros. É o caso do Core i7-4770, que possui nada menos que cinco variantes. Além do original, há Core i7-4770K, Core i7-4770R, Core i7-4770S, Core i7-4770T e Core i7-4770TE. E agora, como diferenciá-los? O sufixo identifica algumas características dos chips. A tradução é a seguinte:
Desktops e all-in-ones
- Sem sufixo: este é o processador primário (TDP de 84 W);
- Sufixo T: processador com baixo consumo de energia (TDP entre 35 e 45 W);
- Sufixo S: processador equilibrado entre desempenho e consumo (TDP de 65 W);
- Sufixo E: processador com opção de uso em sistemas embarcados;
- Sufixo K: processador com multiplicador destravado para overclock;
- Sufixo R: processador com GPU integrada de alto desempenho (Iris Pro 5200).
Notebooks e ultrabooks
- Sufixo M: processador para notebooks;
- Sufixo U: processador para ultrabooks;
- Sufixo Q: processador de quatro núcleos;
- Sufixo Y: processador com o menor consumo de energia para híbridos (TDP de 11,5 W);
- Sufixo H: processador com GPU integrada de alto desempenho (Iris Pro 5200).
Quanto custa?
Vários desktops vendidos no Brasil estão vindo com os processadores Core de quarta geração, como o Dell XPS 8700, que começa em R$ 2.462 na configuração mais básica, com Windows 8, processador Core i5-4430, 8 GB de memória DDR3 de 1.600 MHz, 1 TB de HD e vídeo AMD Radeon HD 7570. Os ultrabooks com hardware atualizado devem demorar alguns meses para chegar.
Você também pode comprar os processadores em lojas de hardware. Os preços são os seguintes:
- Core i5-4430 (clock de 3 GHz; turbo até 3,2 GHz; 6 MB de cache): R$ 719,90
- Core i5-4570 (clock de 3,2 GHz; turbo até 3,6 GHz; 6 MB de cache): R$ 759,90
- Core i5-4670 (clock de 3,4 GHz; turbo até 3,8 GHz; 6 MB de cache): R$ 839,90
- Core i5-4670K (clock de 3,4 GHz; turbo até 3,8 GHz; 6 MB de cache): R$ 909,90
- Core i7-4770 (clock de 3,4 GHz; turbo até 3,9 GHz; 8 MB de cache): R$ 1.169,90
- Core i7-4770K (clock de 3,5 GHz; turbo até 3,9 GHz; 8 MB de cache): R$ 1.279,90
Entramos em contato com a Intel para obter os preços oficiais, mas ainda não recebemos resposta. Os valores acima foram obtidos na Kabum, sem descontos. Em algumas lojas, o preço pode ser até 20% menor, dependendo da forma de pagamento.
Os modelos citados possuem a GPU Intel HD Graphics 4600 e quatro núcleos de processamento. O Core i7 tem Hyper Threading, então o sistema operacional enxergará oito núcleos lógicos. Eles suportam oficialmente até 32 GB de memória DDR3 de 1.600 MHz, têm socket LGA 1150, são fabricados em processo de 22 nanômetros e possuem TDP de 84 W.
Paulo Higa 05/06/2013 às 19h21
Fonte: http://tecnoblog.net/132308/intel-core-quarta-geracao-haswell/